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São Paulo, Cairo e Lagos têm vencido a violência

Expositores mostram resultado das ações em evento da ONU

AMÉLIA VIEIRA

Megacidades com fronteiras tênues entre si, que crescem de forma desordenada e reproduzem disparidades sociais e econômicas, são um um ambiente propício à disseminação da violência urbana.



As causas da criminalidade nos grandes centros urbanos e as experiências mundiais de êxito no combate à violência nas cidades foram discutidas ontem no 12º Congresso sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal da Organização das Nações Unidas, que acontece até o próximo dia 19, no Centro de Convenções.



Margaret Shaw, do Centro Internacional de Combate ao Crime e coordenadora técnica do congresso, lembrou que, em países africanos do subsaara, chega a 62% o índice de pessoas que moram em favelas. É um fenômeno comum a vários países que em regiões de grande concentração de população de baixa e média renda a violência seja maior. "Nessa realidade, os jovens são mais vulneráveis", disse Shaw.



Algumas cidades, entretanto, adotaram medidas de prevenção que obtiveram êxito, como o caso de São Paulo (Brasil), Cairu (Egito) e Lagos (Nigéria). Com cerca de 19 milhões de habitantes e seis milhões de veículos, São Paulo vem conseguindo, desde o ano 2000, reduzir as taxas de homicídio, explanou a doutora em antropologia Paula Miraglia, diretora-executiva do Instituto Latino Americano das Nações Unidas.



A redução nas taxas de homicídios, explicou a antropóloga, deve-se a ações como a campanha de desarmamento – 80% das mortes são por arma de fogo –, investimentos na criação de espaços públicos, especialmente na periferia; aperfeiçoamento do policiamento; e mobilização comunitária.



Na cidade de Lagos, na Nigéria, com 17 milhões de habitantes, um dos grandes investimentos para melhorar a qualidade de vida foi no sistema de trânsito rápido.



A revolução por que passou a cidade foi apresentada por Fola Arthur Worrey, que apontou a criação de um Fundo Patrimonial, uma espécie de PPP (Parceria PúblicoPrivada) para captação de recursos para investir em infraestrutura.



A realidade de violência no Cairu (Egito), por sua vez, é bem diferente. Lá, é costume as pessoas ficarem com portas e janelas abertas durante todo o dia. Representando o País, Khaled Abdalhallin, destacou o que chama de "realidade controversa".

REALIDADE CONTROVERSA

Representando o Cairo, Khaled Abdalhallin revelou que, na cidade com 16 milhões de habitantes, há bolsões de violência. A segurança é maior nas ruelas e vias menores, onde a própria população cuida.

PLANEJAMENTO É UMA SOLUÇÃO

O sucesso de Cairo, no Egito, é o planejamento urbano para combater a violência. No entanto, as grandes vias ainda deixam as pessoas mais vulneráveis