Escolas não melhoram, nem com ajuda do MEC
Além de medir a qualidade do ensino no País, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2009 revela o tamanho do desafio que é mudar a situação de escolas e cidades com desempenho muito ruim.
Municípios e escolas com pior desempenho – cujo resultado foi divulgado ontem – receberam prioridade nas ações do Ministério da Educação (MEC), mas em muitos casos, nem essa ajuda extra resolveu.
No foco do ministério encontram-se 1.822 municípios com notas inferiores a 4,2 em 2007 e mais 28 mil escolas com notas até 3,8 no mesmo ano. Desde então, mais de R$ 400 milhões foram liberados para as escolas.
Mesmo recebendo um auxílio em dinheiro e suporte técnico, pouco mais da metade dos piores municípios no ranking nacional conseguiu melhorar o indicador no intervalo de dois anos, entre as duas últimas edições do Ideb (2007 e 2009), a ponto de superar suas respectivas metas.
Foram selecionados 155 municípios com notas até 2 nas duas etapas do ensino fundamental. A nota 2 equivale a menos da metade da média nacional (4,6). O levantamento revela que, na avaliação do desempenho das 8.ª séries, quase a metade (45%), o que corresponde a 70 municípios, ou não conseguiu alcançar a meta ou piorou a nota – nesse universo, 58 municípios (37,4%) evoluíram, mas não alcançaram a nota, e 12 (8%) andaram para trás entre 2007 e 2009. Os outros 97 municípios (62,5%) melhoraram a ponto de, pelo menos, alcançar a meta.
Na amostra das 4.ª séries selecionada pelo Estado, com 47 municípios que tinham nota 2 no Ideb de 2007, 25 cidades, o que dá pouco mais da metade (53,1%), alcançaram a meta. Outros 22 municípios (47%) não alcançaram a meta. As metas variam de escola para escola e de município para município, dependendo do ponto de partida de cada um.
Um exemplo de município que andou para trás é Chaves, no Pará. Em 2007, a educação da cidade recebeu nota 2 até a 4.ª série. Dois anos depois, quando a meta era chegar a 3,2, a nota foi de 1,4. Itatuba, na Paraíba, está na mesma situação: no intervalo de dois anos, a nota piorou, caindo de 1,8 para 1,4, ainda mais distante da meta de 2,6. O Nordeste concentra as piores situações.
Também houve casos de melhora significativa, a ponto de a meta ser ultrapassada com folga. Foi o que aconteceu em Tucano, na Bahia. Em dois anos, a nota mais do que dobrou, de 2 para 5,4, superando a média nacional.
A meta para 2009 era 3. "Os primeiros resultados deverão aparecer a partir do Ideb de 2011", avalia Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC. Nas próximas duas semanas, técnicos do ministério cruzarão dados do Ideb para avaliar o comportamento das escolas e municípios com pior desempenho.
Fraudadores tomaram posse
A Operação Tormenta – investigação da Polícia Federal sobre fraudes em concursos públicos e em exame de registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – identificou 45 candidatos aprovados nos concursos mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que tiveram acesso antecipado ao caderno de questões.
Segundo a PF, há provas de que 12 beneficiados pela fraude foram nomeados e tomaram posse. Na Anac, de 36 envolvidos que receberam cópia das provas, 8 ocupam cargo de analista e 3 exercem função de técnico.
Na Abin, ligada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, ficou comprovado que 9 concursados receberam o caderno e passaram – um deles tomou posse como oficial de inteligência.
A PF informou que vai pedir à Justiça a prisão preventiva de todos os candidatos ligados diretamente à organização criminosa. Um dos 11 que já trabalham em repartições da Anac é irmã de um policial rodoviário federal preso como um dos principais alvos do inquérito.
A operação foi deflagrada em 16 de junho por ordem do juiz Herbert de Bruyn Junior, da 3.ª Vara Federal em Santos. A PF cumpriu 34 mandados de busca e apreensão na Grande São Paulo, Rio, Baixada Santista e região de Campinas.